Agora em setembro ocorreu em Rio Real a primeira edição da Agro Real, maior evento de citricultura do Norte/Nordeste. E foi gratificante ouvir vários palestrantes reconhecerem que medidas adotadas quando fui secretário estadual de Agricultura foram fundamentais para que em breve ocorra a migração da produção de laranja brasileira à Bahia, principalmente nas regiões de Rio Real, Recôncavo, Chapada Diamantina e Baixio de Irecê.
A Bahia tem um enorme potencial de crescimento da sua produção de laranja, já que a Flórida, no USA, São Paulo e outras regiões do planeta sofrem com a infestação do Greening e outras pragas. Como nosso Estado está livre dessas doenças, podemos avançar muito com nossa citricultura.
Quando estive secretário estadual de Agricultura, junto com minha equipe identificamos que o Greening, causado pela bactéria Candidatus Liberibacter spp. e disseminado pelo psilídeo Diaphorina citri, responsável por causar um enorme estrago nos pomares de São Paulo, maior produtor brasileiro, poderia colocar em risco a citricultura baiana.
O Greening não tem cura e a planta, uma vez contaminada, não existe a possibilidade de eliminar a bactéria, que age como fonte de inoculo para contaminar o restante do pomar. Antevendo esse risco, eu e minha equipe da Secretaria Estadual de Agricultura, proibimos a importação de mudas oriundas de São Paulo e outros estados, e elas precisavam ser feitas na Bahia.
Fomos criticados por algumas empresas paulistas produtoras de mudas que nos acusaram de atrapalhar o crescimento do plantio baiano. Mas percebemos desde o início o risco fitossanitário do Greening. Nossa ação se mostrou acertada diante da disseminação da praga em São Paulo.
A Bahia recebeu empresas produtoras de mudas de alta qualidade e nosso Estado está livre do Greening e outras doenças que reduziram as produções paulistas e da Flórida.
O Brasil é o maior exportador de suco de laranja do mundo, sendo a Europa o destino prioritário. E a Bahia, área livre do Greening e outras pragas, pode se transformar no grande centro exportador do fruto.
Paralelo à preocupação fitossanitária da cultura, houve investimentos em tecnologia e até irrigação em algumas lavouras que permitiram aumentar a produtividade de 15 toneladas por hectare para 60 toneladas por hectare. Em alguns pomares a produção chega a 90 toneladas por hectare.
As regiões produtoras baianas têm boa pluviometria e excelentes condições de solo, relevo e clima, o que torna nossa laranja bastante competitiva. Esses predicados permitem que possamos atrair indústrias. Atualmente existem três grandes empreendimentos em nosso Estado.
Rio Real já manda sua produção às indústrias instaladas em São Paulo porque a produção paulista não consegue suprir a demanda por causa da queda na produção ocasionada pelas pragas.
Quando estive secretário estadual de Agricultura, esbarrei na falta da oferta de energia elétrica para a instalação das indústrias. Por isso, ao lado de meus colegas das comissões de Infraestrutura, Desenvolvimento Econômico e Turismo e de Agricultura da Assembleia Legislativa da Bahia, trabalhamos para que a Neoenergia COELBA faça os investimentos necessários à atração de outras empresas do setor.
O suco de laranja compõe a dieta alimentar do americano e europeu. Ou seja, há um enorme mercado internacional para o produto e a Bahia tem esse potencial de ser o maior fornecedor.
Temos a matéria-prima de qualidade e um grande mercado consumidor no mundo. Precisamos fazer o dever de casa para oferecer energia elétrica e portos (a exportação de suco de laranja usa tecnologia de ponta para embarcar os navios). Nosso estado pode suprir essa demanda, gerando milhares de empregos e divisas aos cofres públicos.